28.9.10

Caso Inóspito

 ELE estava no chão, não sentimentalmente falando como pode se pensar, ele estava literalmente no chão, eram 16:00 e estava estendido numa calçada no centro da cidade. Não lembrava o porque de estar ali, tentou buscar entender o que acontecia pelas respostas que o próprio corpo dava, o corpo não respondia, não conseguia se mexer, o sol batia em seu rosto e não conseguia identificar ninguem que passava ao seu redor, muitas pessoas passavam ao seu redor, muitas talvez pensassem que fosse um mendigo apesar de não estra tão mal-vestido, o calor dava uma estranha sensação de preguiça e excitação sexual mas não conseguia proferir nenhuma palavra, "foda-se, estou morto" pensou enquanto fechou os olhos e esperou pra ver o que acontecia depois, nada aconteceu, abriu novamente os olhos e se viu caindo num abismo sem fim, gritou desesperado e um anjo o pego em pleno ar.
 - Quem é você?! e o que está acontecendo?!
 - Eu sou um anjo e você estava caindo.  O anjo explicou-lhe apesar de estar óbvio.
Emitiu alguns grunhidos de desespero e pavor principalmente por não entender o que estava acontecendo e num piscar de olhos voltou a calçada onde se encontrava. conseguiu enfim soltar um : - Porra! Alguem me ajuda! Uma cara estendeu a mão pegou na sua e o ergueu, antes dele poder agradecer o sujeito já tinha ido  embora como se erguer a mão fosse a única função dele naquele dia, ficou sem entender, pegou um celular no bolso e todos os números estavam sem identificação, não sabia seu número de cor e aquilo deu uma inutilidade prática ao telefone, que foi jogado numa lixeira, dois minutos depois tudo aquilo pareceu fazer sentido.
 Alguns minutos procurando o fizeram achar seu celular no fundo de uma lata de lixo pública, limpou ao que dava e guardou novamente no bolso, tinha uma teoria para tudo aquilo, ao menos a pensava como a mais lógica, estava num de seus contos, escrevia pequenos contos para um revista independente e na maioria das vezes seus personagens começavam a narrativa numa situação estranha seguindo por acontecimentos aleatórios que iam se encaixando com um enredo que tinha por objetivo inserir filsofia, ética e conhecimentos milenares na vida de quem o lia, era grande fã de filosofia oriental e ficou mais tranquilo desvendar o que estava acontecendo, e agora? Tentou identificar qual acontecimento viria em seguida para que pudesse logo sair daquilo tudo.
 As pessoa continuarão passando sem ninguem o notar, ficou uma hora parado olhando pessoas indo e vindo, poderia ter passado o dia todo e não iria acontecer nada, algumas até o esbarravam vista a pressa de chegar em casa, depois pensou que estar numa história dele próprio era meio idiotice e resolveu voltar pra casa, uma senhora se aproximou e pediu-lhe uma informação, mas como informar algo se ele mesmo estava perdido? Se deu conta daquilo e sorriu - o que vier é lucro afinal - Pensou, seguiu até uma parada de ônibus e pegou o primeiro que apareceu, tentou lembrar como chegará naquele lugar, a última coisa que lembrava era ter encontrado com uma pessoa na noite anterior, uma mulher...

To be continued....

9.8.10

Entre a rosa e o manjericão

Certo dia numa manhã de sábado ele desperta de sonhos intranquilos e percebe que tudo passou.
A juventude, os sorrisos bobos, as surpresas diárias, passaram.
A escola, o pão quentinho, a músicas, tudo passado.
Ele perdeu seu celular e percebe que nem precisava dele.
Anda na rua e não reconhece os rostos.
Ele não procura ninguem, espera ser encontrado.
As vezes dá um leve sorriso.
Afinal, a maturidade chegou, a barba e vários conhecimentos desnecessários que são úteis para a vida tambem.
A vida nas telas do cinema são seu refúgio.
Ele segue como numa música de Jorge Ben.


"Pois você passa e nem me olha, mas eu olho pra você,
 você não me diz nada, mas eu digo pra você,
 vc por mim não chora, mas eu choro por você, menina." 


A solidão a ele é engraçada, nunca a pediu, e no entanto caminha a seu lado.
O seu lado rock'n roll sempre o deixou são, e no entanto a noite o embriaga com lembranças de coisas que nem viveu.
A malícia entre seus dedos ainda não lhe ensinaram a transcrever todo sua fortuna.
A vida continua e ele não ficará sozinho no meio da rua
...
Certo dia numa manhã de domingo ele desperta de sonhos intranquilos...

20.5.10

Silversun

 Havia algumas pilhas, um pão durmido e uma fotografia numa sacola plástica, eu não sabia ao certo como havia parado naquele lugar, mas acho que não foi em vão, nunca soube muito bem onde me encontrava, mas toda desventura me era brindada por uma explicação sem lógica, o que alguns chamavam de "vontade de deus" eu pensava ser uma piada do destino, mas não fazia diferença, o tempo se transformará numa questão de semântica aos últimos anos que se passaram, como em todas as vezes que me encontrava naquela situação, fiz o que fazia melhor, segui em frente, pus-me a andar, os prédios altos denunciavam uma cidade urbanizada e cheia de preocupações, as pessoas passavam e cada uma contava uma história diferente sem nem mesmo falar algo, sem nem mesmo fazer um gesto e na maioria das vezes por pouco mais de alguns segundos, alguns, jogados na calçada pediam esmolas em roupas em trapos e alguns valores estavam ali invertidos, quantos ali estavam aos trapos emocionalmente? Sejamos sinceros, mesmo que demonstrassem seu sentimento, quem é que se importaria? Segui, e pra variar olhava os rostos insípidos dos que caminhavam pra lugar nenhum, afinal eu queria companhia, e quem não quer? O ônibus seduz-me para a épica jornada, mas o ônibus dá a volta em algum lugar e tudo volta de onde parou, as pessoas param, o ônibus não, vou jogando pedra nos telhados alheios enquanto não tenho onde morar, vou caminhando e tentando lembrar aquela piada que todos gostam, piada boa dita por quem não tem graça perde a eficácia, as nuvens se formam, há temporal a vir, há jornal transmitindo desgraça nas tvs das lojas de aparelhos domésticos e cachorros esperando um afago na cabeça, a chuva cai, descarrega as águas outrora rio, alguns preocupam-se com a roupa molhada, outros passam pela chuva como se está nem estivesse lá, me surpreendo com as pessoas, estas criaturas magníficas ainda me mostram surpresas. Onde estava mesmo? ah tá, estava aqui, e acabo de me lembrar onde estava indo, talvez nos vejamos por aí...         

18.3.10

Biscoitos

 Puxa uma cadeira enquanto tiro o som da tv.
 Há suco e biscoitos na mesa (depois compramos algumas cervejas)
 Ainda temos algumas horas antes que isto tudo acabe.
 Como você está?
 Não se preocupe com os outros, eles já não me reconhecem mais e provavelmente você também não.
 Me kafkaniei ha algum tempo atrás e hoje a calma me irrita.
 Anos atrás nossa fuga foi abafada, e ainda penso o que aconteceria se tivesse dado certo.
 Hoje passo por algumas pessoas, mas elas não passam por mim, "Invisibilismo crônico"?
 "Quem sempre quer vitória, e perde a glória de chorar?"
 Queria dizer algumas coisas, mas as palavras de certo já foram ditas em algum outro momento.
 Parece que foi ontem...
 ...
 Pra onde você vai? ainda não acabei.
 ...
 Que? comprar cigarros? então tá....

19.1.10

Stormy monday blues

Então um dia ele acorda com o gosto de ressaca na boca.
A casa está vazia e o café não está servido.
Não há amigos para ligar, foram-se todos.
Não há família, por que achou que teria maior liberdade sem esta.
Quando garoto pensava em escrever nos jornais, hoje os entrega.
Toca algo instrumental no rádio e mesmo não conhecendo, agrada-o.
Jazz.
Alguém bate na porta, contas a pagar.
Levanta-se e sai por aí
Anda pela rua, pra ver se algo acontece.
Todo dia volta pra casa apenas com o cansaço.
Todos os dias por volta das 16:00 ele volta a andar.
Uma rua diferente por dia.
Esperando o destino o encontrar.
O tempo passa.
E a morte o acha.
...
...
Às 16:00 ele levanta dos mortos.
E começa a andar.

Zumbis não cansam.