20.5.10

Silversun

 Havia algumas pilhas, um pão durmido e uma fotografia numa sacola plástica, eu não sabia ao certo como havia parado naquele lugar, mas acho que não foi em vão, nunca soube muito bem onde me encontrava, mas toda desventura me era brindada por uma explicação sem lógica, o que alguns chamavam de "vontade de deus" eu pensava ser uma piada do destino, mas não fazia diferença, o tempo se transformará numa questão de semântica aos últimos anos que se passaram, como em todas as vezes que me encontrava naquela situação, fiz o que fazia melhor, segui em frente, pus-me a andar, os prédios altos denunciavam uma cidade urbanizada e cheia de preocupações, as pessoas passavam e cada uma contava uma história diferente sem nem mesmo falar algo, sem nem mesmo fazer um gesto e na maioria das vezes por pouco mais de alguns segundos, alguns, jogados na calçada pediam esmolas em roupas em trapos e alguns valores estavam ali invertidos, quantos ali estavam aos trapos emocionalmente? Sejamos sinceros, mesmo que demonstrassem seu sentimento, quem é que se importaria? Segui, e pra variar olhava os rostos insípidos dos que caminhavam pra lugar nenhum, afinal eu queria companhia, e quem não quer? O ônibus seduz-me para a épica jornada, mas o ônibus dá a volta em algum lugar e tudo volta de onde parou, as pessoas param, o ônibus não, vou jogando pedra nos telhados alheios enquanto não tenho onde morar, vou caminhando e tentando lembrar aquela piada que todos gostam, piada boa dita por quem não tem graça perde a eficácia, as nuvens se formam, há temporal a vir, há jornal transmitindo desgraça nas tvs das lojas de aparelhos domésticos e cachorros esperando um afago na cabeça, a chuva cai, descarrega as águas outrora rio, alguns preocupam-se com a roupa molhada, outros passam pela chuva como se está nem estivesse lá, me surpreendo com as pessoas, estas criaturas magníficas ainda me mostram surpresas. Onde estava mesmo? ah tá, estava aqui, e acabo de me lembrar onde estava indo, talvez nos vejamos por aí...         

Um comentário:

Maria de Nazaré disse...

Sinto perto quando leio.