19.1.10

Stormy monday blues

Então um dia ele acorda com o gosto de ressaca na boca.
A casa está vazia e o café não está servido.
Não há amigos para ligar, foram-se todos.
Não há família, por que achou que teria maior liberdade sem esta.
Quando garoto pensava em escrever nos jornais, hoje os entrega.
Toca algo instrumental no rádio e mesmo não conhecendo, agrada-o.
Jazz.
Alguém bate na porta, contas a pagar.
Levanta-se e sai por aí
Anda pela rua, pra ver se algo acontece.
Todo dia volta pra casa apenas com o cansaço.
Todos os dias por volta das 16:00 ele volta a andar.
Uma rua diferente por dia.
Esperando o destino o encontrar.
O tempo passa.
E a morte o acha.
...
...
Às 16:00 ele levanta dos mortos.
E começa a andar.

Zumbis não cansam.

2 comentários:

Unknown disse...

É a primeira vez que visito o blog. Nossa, parabéns, belo poema. Conciso, seco e cheio de uma tristeza silenciosa. Gostei mesmo.

Guthor disse...

Você esqueceu de mencionar toda o naturalismo dialético contemporaneo que está implicito, brinks, :), de alguma forma meus pseudo-poemas tendem a triste ironia, abraço.