24.10.09

Memórias Ficcionais [1/10]

 Fizera trinta anos na ultima semana, mas parecia uns cinco anos mais velho, devia ser devido as sacas de cimento que carregará nos ultimos quatro anos, era uma quinta de horas longas, faltavam poucos minutos para três horas da manhã quando liguei pra unica puta que ainda me atendia:
 - Stefani.
 - Que é?
 - Vamos foder
 - Não posso.
 - Passo aí daqui uns 15 minutos, lave-se
 - Meia hora é melhor
 Desligo.
 A maior parte das putas não gostavam de mim, não porque as tratava como putas, o que seria incoerente, mas por que era um vagabundo, putas e vagabundos só se dão bem na cama ou em romances policiais, trabalhava oito horas por dia e pelo que ganhava podia me considerar um vagabundo, enquanto um filho de uma puta ficava duas horas com a bunda sentada numa cadeira e era chamado de doutor, ninguem nunca me perguntou que diabos de lado da sociedade eu queria estar.
 Procuro no painel do carro alguns cigarros, nunca comprei cigarros de mais de dois reais, o grande problema era não tê-los, liguei o carro e sai.
 Stefani me esperava numa esquina, parei o carro e esperei ela entrar, não cabe comentar o resto da noite, foram como todas as outras noites de quintas feiras quentes, se Stefani fosse um carro diria que ela foi no lava-jato limpar-se por dentro e por fora, trocou o oléo algumas vezes e teve de trocar os tapetes tambem.
 
 ...

Um cara me bateu no ônibus com a bolsa quando seguia para a capital do estado, o xinguei baixo, e continuei deitado na poltrona, provavelmente sou o melhor cara que conheço para viver comigo mesmo, não sou de reclamar, não sou o cara que estoura por uma bobagem, talvez o cara que mate alguem por varias bobagens, mas acredito que isso ainda esteja distante.  
    

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